Os candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PV) e José Serra (PSDB) serão sabatinados, ao vivo, a partir de hoje, no “Jornal Nacional”, da Rede Globo, pelos apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes. A entrevistada de hoje é Dilma Rousseff. Amanhã será a vez de Marina Silva e, na quarta-feira, de José Serra. As entrevistas terão 12 minutos, com 30 segundos de tolerância.
As perguntas vão abordar os pontos polêmicos de cada candidatura, além da avaliação sobre o que os candidatos ou seus governos já fizeram. As entrevistas de candidatos à presidência são feitas desde 2002 no “Jornal Nacional”. O JN foi o primeiro a entrevistar os candidatos ao vivo na bancada, formato que foi adotado por outras emissoras.
O candidato do PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, que não pontua nas pesquisas, será entrevistado na quinta-feira. Ele gravará a entrevista, de 3 minutos, na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde participará de um fórum promovido pelo BNDES. Além do “Jornal Nacional”, o “Bom dia Brasil” e o “Jornal da Globo” farão entrevistas com os candidatos.
Dilma faz preparação com jornalistas e marqueteiros
Dilma tentará aproveitar a entrevista de hoje para neutralizar críticas do PSDB de que é a sombra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesses dias, ela tem se preparado intensamente, com jornalistas e marqueteiros.
A candidata deve voltar a se referir ao governo Lula como o “nosso governo”. Dilma pretende ainda explorar ao máximo comparações entre as gestões de Lula e Fernando Henrique Cardoso. Também estão sendo preparadas “vacinas” para perguntas como a aproximação do governo Lula com governos como os de Irã e Cuba, que não respeitam os direitos humanos.
Há um cuidado especial para que Dilma seja menos prolixa e mais direta em suas repostas. Esse foi identificada como a principal falha da candidata no debate da TV Bandeirantes. Em alguns momentos, ela ultrapassou o tempo e teve a palavra cortada.
A assessoria de José Serra informou que não haverá nenhum tipo de preparação do candidato para a entrevista ao “Jornal Nacional”, na quarta-feira.
A assessoria de Marina Silva (PV) também afirmou que a candidata não fará preparativos e tentará expor sua bandeira de campanha: a necessidade de uma revolução na educação.
- O espaço diário no “Jornal Nacional” tem sido o mais significativo de comunicação com os brasileiros na campanha por enquanto, devido ao alto índice $audiência. E tem sido um espaço equilibrado, nós prezamos muito a decisão da emissora – disse Alfredo Sirkis, um dos coordenadores do PV.
Devido aos preparativos para a entrevista de hoje, Dilma não deve comparecer ao “Encontro com presidenciáveis”, em São Paulo, promovido pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (Caceb). A entidade informou que Dilma cancelou sua participação, mas, segundo a assessoria da candidata, ela nunca confirmou presença. De acordo com a entidade, estariam confirmadas as presenças de Dilma, às 14h, de José Serra, às 15h, e de Marina Silva, às 16h.
Depois do primeiro debate entre os candidatos à Presidência, semana passada, na TV Bandeirantes, esquentou o clima entre o PV e o PSOL. Sábado à noite, durante ato de campanha de Marina Silva no Rio, um de seus coordenadores, Alfredo Sirkis, atacou Plínio de Arruda Sampaio, candidato do PSOL. Ele saiu em defesa da verde, chamada de “ecocapitalista” por Plínio:
- Um burguês quatrocentão, que mora num apartamento de R$ 1 milhão, falando de uma menina pobre, nascida na floresta, que se alfabetizou aos 16 anos, que passou fome em diversas ocasiões. Ela que é ecocapitalista? Tá bom. Valeu como piada – reagiu Sirkis aos ser questionado sobre a provocação de Plínio.
Ontem, a coordenação de campanha do PSOL divulgou nota informando que Plínio mora numa casa alugada e que seu pa$ônio total, declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), soma R$ 2,1 milhões. No Twitter, Plínio devolveu a provocação.
“Sem argumentos para questionar a categorização que dei à política ambiental defendida pela Marina, a tropa de choque do PV parte para a baixaria. A postura poliana da campanha verde não durou nem uma semana, não é Sirkis?”.
As rusgas com o PV refletem, em parte, divergências internas do PSOL, cuja presidente nacional, Heloísa Helena, defendia que o partido não tivesse candidato próprio e integrasse a chapa de Marina.
Ontem, Sirkis voltou à carga. Disse faltar coerência ao candidato do PSOL.
- O Plínio faz o papel de Enéas nestas eleições, do protesto, do não a tudo, seja de esquerda ou de direita. E mesmo na disputa do espaço da $esquerda, ele concorre com o PSTU e o PCO para ver quem tem a visão mais delirante e dinossáurica do socialismo – disse Sirkis.
Em Fortaleza, a candidata verde respondeu à acusação de “ecocapitalista”:
- Cada um vê nos outros, aquilo que tem dentro de si.
Ela reiterou a amizade que tem com a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL). E disse que o contato que teve com o PSOL antes da campanha para tentar fechar um acordo visando compor uma chapa nestas eleições se restringiu à sua amiga. Marina lançou em fortaleza um livro biográfico, escrito pela jornalista Marília de Camargo, em uma livraria da cidade.
O Globo
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